1.Fundação
Belém, no início do século XX, vivia um momento próspero. A Amazônia como um todo estava em evidência devido ao ciclo da borracha e a capital paraense era o símbolo maior da
riqueza e transformações socioculturais ocorridas na região, caracterizando a
sua Belle Époque, refletida nas diversas
reformas de modernização instauradas pelo prefeito Antônio Lemos. Belém chegou a ficar conhecida como a “Paris n’América” ou “Paris Tropical”.
Foi nesse contexto que o esporte começou a se
desenvolver, com destaque para o remo,
cuja disputa atraía um acentuado número de adeptos às margens da baía do Guajará. Era o
início do surgimento de diversas equipes, dentre elas estava o Sport Club do Pará, uma
das potências náuticas da época. A partir de então começaria uma grande história.
No ano de 1905, uma série de desentendimentos entre
os integrantes do Sport Club do Pará, momentos antes da realização de uma
regata, decretou a saída dos atletas Victor Engelhard, Raul Engelhard, José
Henrique Danin, Eduardo Cruz, Vasco Abreu, Eugênio Soares e Narciso Borges. Os
sete rapazes logo tiveram a ideia de criar uma nova agremiação, onde pudessem
praticar as suas atividades. Aos poucos, o pequeno grupo contou com o apoio de
outros desportistas para alcançar o seu objetivo. No dia 5 de fevereiro de 1905
fundou-se o Grupo do Remo.
A nova agremiação teve a sua
existência legal consolidada com a publicação de seu Estatuto Social
no Diário Oficial do
Estado, ano XV, nº 4 049, de 9 de junho de 1905 (sexta-feira). No
documento, também estavam inseridos os nomes dos 20 fundadores: José Henrique
Danin, Raul Engelhard, Roberto Figueiredo, Antonio La Roque Andrade, Victor
Engelhard, Raimundo Oliveira da Paz, Antonio Borges, Arnaldo R. de Andrade,
Manoel C. Pereira de Souza, Ernestino Almeida, Alfredo Vale, José D. Gomes de
Castro, José Maria Pinheiro, Luiz Rebelo de Andrade, Manoel José Tavares,
Basílio Paes, Palmério Pinto, Eurico Pacheco Borges, Narciso F. Borges
(primeiro presidente do clube) e Heliodoro de Brito.
A data de 15
de agosto marcou a inauguração oficial do novo clube, como forma de prestar
homenagem à adesão do Pará à Independência do Brasil.
No dia 1º de outubro, o Grupo do Remo inaugurou a sua sede, localizada à Rua
Siqueira Mendes, com fundos para a baía do Guajará. A sede
fora alugada junto à Intendência Municipal. Na mesma ocasião foi efetuado o
batismo e o lançamento ao mar da primeira embarcação, uma baleeira denominada
“Tibiriçá”.
Em 1907, a
garagem náutica azulina passou a funcionar na atual Boulevard Castilho França.
Nesse momento, o clube já possuía nove embarcações, entre elas um out-riggers a
4 remos e um out-riggers a 2 remos importados da Alemanha.
Sede Náutica do Clube do Remo |
2.Extinção e Reorganização
Em 14 de fevereiro de
1908 o Remo seria extinto, por determinação de uma assembleia geral, que teve
como presidente o desembargador Alfredo Barradas. Em notícia publicada pelo
jornal “Folha do Norte”, em 29 de março de 1908, é dito que os associados do
Remo fizeram acordo com o Sport Club do Pará. Não foram nominados esses
associados. Os depoimentos de alguns daqueles que participaram da reorganização
do clube sugerem que o processo de extinção não foi automático, sendo
recorrente a menção do ano de 1910 como o marco da extinção do Remo. Uma
minoria de integrantes do Grupo do Remo não concordou com a extinção da
Agremiação. Os barcos que pertenciam ao Grupo do Remo, a fim de que não caíssem
em mãos estranhas, foram escondidos em um galpão no terminal de inflamáveis de
Miramar, de propriedade de Francisco Xavier Pinto.
Em 15 de agosto de 1911 o Leão Azul é reorganizado
por iniciativa de Oscar Saltão, Antonico Silva, Geraldo da Mota Reimão
(Rubilar), Jaime Lima, Cândido Jucá, Harley Colett, Nertan Colett, Severino
Poggy, Mário Araújo, Palmério Pinto e Elzeman Magalhães, que se articularam a
partir de reuniões no café Manduca. Oscar Saltão e seus companheiros sentiram muita
satisfação, vendo que seus esforços não foram baldados: No ano de 1911, o Grupo
do Remo foi campeão de remo no Pará.
Reorganizadores do Grupo do Remo |
3.Futebol
3.1.Fase Amadora (1913-1945)
No
Pará, há indícios de que o futebol começou a ser praticado em fins do século
XIX, com relatos de partidas disputadas desde 1892. Entretanto, foi a partir do
ano de 1900 que alguns desportistas iniciaram o desenvolvimento do esporte, com
a realização de jogos. Em 1906, ocorreu a primeira tentativa de se organizar
uma competição futebolística, mas não vingou.
No mês de agosto de 1908 funda-se a Liga Paraense de
Foot-Ball que pôs em prática o primeiro Campeonato Paraense da
história, vencido pelo União
Sportiva. Dois anos mais tarde, em 1910, uma segunda edição foi
realizada e o União sagrou-se novamente vencedor.
Dessa forma, o futebol começava a ganhar espaço na sociedade
paraense, com a adesão de várias equipes. Em 1913, é a vez do Grupo do Remo
implantar o futebol no seu quadro esportivo, contando com os concursos de
atletas vindos de outros clubes, dentre eles o próprio União Sportiva, até
então bicampeão paraense, e o Sport Club do Pará, vice-campeão em 1908. Dessa
forma, o Grupo do Remo montava o seu time com os melhores jogadores que havia
na época.
A primeira partida foi disputada em 21 de abril de 1913, em
homenagem ao feriado nacional a Tiradentes,
e teve como palco o campo da Praça Floriano Peixoto, em São Braz, onde já se
realizavam jogos há vários anos. O adversário era o Guarany Futebol Clube, com quem o Remo
empatou em 0 a 0. A primeira formação azulina foi assim constituída:
Bernardino; Valrreman e Eurico; Dudu, Aimeé e Mamede; Galdino, Mário, Antonico,
Dudu 2º e Rubilar.
No dia 13 de maio, em meio às celebrações da abolição da
escravatura no Brasil, as duas equipes voltaram a se enfrentar, no mesmo lugar,
mas dessa vez os azulinos fizeram grande atuação e golearam por 4 a 1. Coube ao
atacante Rubilar, um dos reorganizadores de 1911,
marcar o primeiro gol remista da história. Nesse ano, o Remo, representado por
Galdino Araújo e Adolpho Silva, participou da fundação da Liga Paraense de
Foot-Ball, criada com o objetivo de reorganizar o futebol no estado que estava
há três anos sem disputa de campeonato. A entidade solicitou ao intendente
municipal (espécie de prefeito da época), Dr. Dionysio Bentes, um
local adequado para a realização dos jogos, cujas medidas deviam ter 200 metros
de comprimento por 90 metros de largura, sendo agraciada com a já utilizada
área da Praça Floriano Peixoto.
Rubilar, autor do primeiro gol do Remo na história |
A estreia do Grupo do Remo na
competição se deu no dia 14 de julho e o time azulino já mostrou a sua força,
goleando o União Sportiva por 4 a 1, sendo escalado da seguinte forma:
Bernadinho; Galdino e Lulu; Carlito, Aimée e Chermont; Rubilar, Antonico,
Nahon, Infante e Dudu. Em seu primeiro
Campeonato Paraense, o Remo sagrou-se campeão invicto com quatro
vitórias e um empate em cinco jogos.
Pelo título, o
Remo recebeu uma bela taça importada da Alemanha pela firma Krause, Irmãos e
Cia. A taça tinha 60 centímetros de altura, peso de 700 gramas e descansava
sobre um pedestal de cedro com uma placa onde se lia: “LIGA PARAENSE DE
FOOT-BALL – CAMPEONATO DE 1913”, repousando num estojo de veludo roxo. O troféu
foi entregue ao Grupo do Remo pelo Dr. Gama Malcher, presidente da Liga, no dia
20 de fevereiro de 1914.
Após o seu
primeiro triunfo, o Remo não parou mais e conquistou os seis títulos seguintes,
sagrando-se heptacampeão paraense. Nas estatísticas do hepta, os azulinos
disputaram 51 jogos entre 1913 e 1919, obtendo 43 vitórias, seis empates e
somente uma única derrota, esta para o União Sportiva, em 1916, por 2 a 1, mas
revidada com um sonoro 7 a 0 no mesmo ano. Soma-se ainda uma partida de
resultado desconhecido, contra o Panther, em 1914. Dessa forma, seis dos sete
títulos do excrete azulino tiveram campanhas invictas, com uma ressalva: o campeonato de
1919 foi conquistado
com 100% de aproveitamento (o primeiro da história).
Em 1924, o já Clube do Remo conquistou
o seu oitavo título estadual, arrebatando ainda os campeonatos de 1925 e 1926,
tornando-se tricampeão. Na década de 1930, mais três títulos estaduais (1930,
1933 e 1936) aumentaram a galeria azulina. Nesse período, os maiores destaques
eram: Evandro Almeida, que dedicou toda a sua vida ao Clube do Remo, ganhando
assim a honra de nomear o Baenão; Barradas, Samico,
Osvaldo Trindade, Vavá, Evandro do Carmo, Saboía, e Capí e a famosa dupla de
atacantes pela esquerda, Capí e Vevé, sendo que este último jogou pelo Flamengo-RJ.
Nos anos 40,
os grandes nomes são o zagueiro Coelho, Poeira, Bendelaque, Sabóia e o goleiro
Orlando Brito. O Campeonato
Paraense de 1940 foi o
último título no ciclo amadorista, que teve seu fim em 1945, marco do
profissionalismo do futebol no estado, quando foram feitos os primeiros
contratos entre os clubes e seus jogadores.
Evandro Almeida, um dos destaques na década de 30 |
3.2.Fase
Profissional
3.2.1.Década
de 40
Após amargar um jejum
de nove anos sem títulos estaduais, o maior em toda a história do clube, o
Clube do Remo sagrou-se supercampeão paraense de futebol em 1949, ao
golear o Paysandu na grande final por 4
a 1 em pleno estádio da Curuzu no
dia 8 de janeiro de 1950. A campanha azulina registrou 10 partidas, com
oito vitórias, um empate, uma derrota, 28 gols marcados e nove gols sofridos.
3.2.2.Década de 50
No mês de janeiro, o Clube do Remo
realizou uma excursão à Venezuela, a convite da federação de futebol daquele
país para a disputa do Troféu
Ministério de Obras Públicas da Venezuela, também conhecido como
Torneio Internacional de Caracas, que, segundo algumas publicações, pode ter
sido o precursor da Pequena Taça do Mundo,
disputada entre as décadas de 1950 e 1960.
O Remo
realizou cinco jogos, obtendo quatro vitórias (La Salle Fútbol Club, Unión Sport Club, Escola
Militar e Deportivo Italia) e apenas uma derrota para o Loyola Sport Club, considerado a maior força do futebol
venezuelano na época.
Taça do Torneio Internacional de Caracas, conquistado pelo Remo em 1950 |
Mantendo a
base campeã em 1949, o Leão Azul conquistou o bicampeonato paraense em 1950.
O Remo ainda ficaria com vice-campeonato em 1951, perdendo para a Tuna na final. Nessa década,
estourava no Brasil a música “Paraíba Masculina”, de Luiz Gonzaga. Após a conquista do tricampeonato estadual nos
anos de 1952 (invicto), 1953 e 1954,
o carioca Pery Augusto, editor do jornal Flash estampou, logo na primeira página, a
seguinte manchete: “Remo, time macho, sim senhor!”. A expressão ficou famosa
entre os torcedores que passaram a ecoar uma adaptação do cântico nos jogos:
“Re-mo, Re-mo, time macho, sim senhor”.
No ano de
1955, em razão à comemoração do 50º aniversário de fundação do clube, o Leão
trouxe a Belém o Beogradisk Sport Klub,
de Belgrado (Iugoslávia), para uma série de três jogos contra os três
grandes do futebol paraense. A partida contra o Clube do Remo ocorreu no dia 13
de fevereiro e terminou com um empate de 2 a 2.
3.2.3.Década
de 60
O Campeonato
Paraense de 1960 demorou
a terminar. A competição se iniciou no mês de maio, mas se prolongou até junho
do ano seguinte. O próprio regulamento já proporcionava a disputa de um
campeonato longo, porém uma decisão judicial agravou a situação.
Inicialmente,
o Remo havia sido declarado campeão paraense ao derrotar o Avante, de Salvaterra (na época, distrito de Soure), em 19 de fevereiro de 1961, conquistando o 2º turno.
Como havia vencido o 1º turno de forma invicta, automaticamente o Leão ficou
com o título estadual.
Entretanto, o Paysandu entrou com um recurso no Tribunal de
Justiça Desportiva, pedindo que fosse anulada a derrota de 3 a 1 para o
Salvador Atlético Belenenses, ocorrida em 29 de outubro de 1960, pois este
utilizara o jogador Dalmério Muniz da Luz irregularmente. O Belenenses foi
multado em CR$ 1.000,00, além de perder dois pontos. Essa medida deixou o
Paysandu com três pontos perdidos (antes eram cinco), ao lado de Clube do Remo
e Avante, forçando uma nova disputa pelo 2º turno. O Paysandu foi campeão ao
ganhar do Remo por 2 a 0 e do Avante por 4 a 1.
Dessa forma,
Remo e Paysandu, vencedores do 1º e 2º turno, respectivamente, decidiram que
ficaria com o título do campeonato em definitivo. Após empatarem em 2 a 2, na Curuzu, no dia 1º de junho
de 1961, o Filho da Glória e do Triunfo derrotou o seu rival por 1 a 0, gol de
Wálter, no Souza, três dias depois e
a torcida azulina comemorou novamente a conquista do troféu estadual. A mídia
esportiva destacou o fato: “Remo, Duplo Campeão”.
O título
classificou o Remo para a terceira Taça Brasil de Futebol,
organizada pela Confederação
Brasileira de Desportos (CBD). Eliminando o Moto Club-MA, o Leão Azul
chegou às semifinais da Zona Norte,
mas parou na forte equipe do Fortaleza-CE. No geral, o
Remo terminou na oitava posição entre 18 clubes participantes, a melhor
campanha de um time do Norte na história da competição.
Passado um
período sem conquista, o Remo voltaria a sagrar-se campeão paraense
no ano de 1964. A trajetória, porém, foi marcada difícil e marcada
por um “desastre” ainda no 1º turno. No dia 20 de setembro, o Remo perdeu por 2 a 1 para o Liberato de
Castro, o pior time do certame. Essa derrota provocou revolta na torcida, a
queda do técnico Quiba (craque azulino nos anos 50) e a renúncia de toda a
diretoria, em 24 de setembro. Foi formada uma Junta Governativa, composta
por Arlindo Miranda, Raul Valdez e Raimundo Farah, que permaneceu até o dia 30 de outubro, quando foi eleita a nova diretoria e o novo
presidente, Rainero Maroja.
Nesse período,
o Remo jogou os dois últimos jogos do 1º turno sob o comando de Sávio Ferreira,
obtendo um empate com o Júlio César e uma derrota para o Paysandu. A nova
diretoria trouxe o técnico Antoninho, famoso pelo trabalho nas categorias de
base do Fluminense-RJ. A partir
daí, o Remo não perdeu mais nenhum jogo, conquistando o 2º turno com quatro
vitórias e derrotando a Tuna Luso Comercial na grande decisão do campeonato.
Como campeão,
o Leão Azul disputou a sua segunda e última Taça Brasil, em 1965.
Dessa vez, o Remo eliminou o Nacional-AM e o Sampaio Corrêa-MA,
mas não conseguiu passar pelo Náutico-PE. Na
classificação geral, ficou em nono colocado.
Em 1968, o
Filho da Glória e do Triunfo ganhou o 10º título estadual invicto da sua
história. Sob o comando de Danilo Alvim e com destacadas atuações da dupla de
ataque Amoroso e Robilotta, o Remo não deu chances
aos seus adversários. Foram nove vitórias em 10 jogos, sendo que o único empate
foi justamente o resultado que sacramentou o título azulino: 2 a 2 contra o Paysandu em plena Curuzu, na data de 14 de
julho de 1968.
No final do
ano, a CBD pôs em disputa o 1º Torneio do Norte de Clubes. O Remo tomou parte
juntamente com times do Pará, Amazonas, Maranhão e Piauí, sendo que estes dois últimos estados faziam parte do
chamado Meio-Norte. Foram formados dois grupos com quatro clubes,
sendo que os dois mais bem colocados de cada grupo se enfrentariam nas
semifinais, obedecendo ao seguinte cruzamento: 1º do G1 x 1º do G2 e 2º do G1 x
2º do G2.
Concluída a
primeira fase e definidos os confrontos, o Remo desbancou o Nacional e chegou à
decisão contra o Piauí que eliminou o Paysandu com duas
vitórias.
A grande final
ficou marcada por duas goleadas: Piauí 5 x 1 Remo, em Teresina (PI), Remo 4 x 1 Piauí, em Belém. Estes resultados forçaram a
realização de uma terceira partida, disputada na capital paraense no dia 14 de
fevereiro de 1969. Com gols de Adinamar, o Leão venceu o “Enxuga Rato” e
confirmou o título de campeão do Norte, muito festejado pela torcida azulina.
Passados sete
meses desde a grande conquista, a CBD organizou a segunda edição do torneio. A
primeira fase apresentava um formato semelhante ao anterior: dois grupos, sendo
que no grupo 1 estariam os times do Pará (Remo, Paysandu e Tuna) e Amazonas
(Nacional e Olímpico) e o grupo 2 seria composto por equipes do Maranhão
(Moto Club e Ferroviário) e Piauí
(Piauí e Flamengo).
A diferença
estava no modelo de disputa da fase final. Tratava-se de um quadrangular com os
primeiros e segundos colocados dos grupos. Os classificados, Remo, Nacional,
Ferroviário e Flamengo jogaram entre si, em partidas de ida e volta. Ao final
da competição, o Leão Azul somou mais pontos e, consequentemente, arrebatou o
cetro de bicampeão do Norte. A campanha azulina registrou 16 jogos, 11
vitórias, três empates, duas derrotas, 28 gols marcados e 11 gols sofridos.
Faixa de Bi-Campeão do Norte |
3.2.4.Década
de 70
Logo no início da década, o Clube do
Remo conquistou um dos títulos mais importantes da sua história: o Campeonato
Nacional Norte-Nordeste de 1971. O Leão Azul já havia batido na trave duas
vezes com os vices nos Torneios Norte-Nordeste de 1968 e 1969.
Inicialmente,
o Remo teve que passar pelo Torneio Seletivo Paraense, que contava também com
as participações de Paysandu, Tuna e Sport Belém. Em seguida, o
adversário foi a Rodoviária-AM, na
final da Taça Norte vencida pelo Leão com duas vitórias: 1 a 0 e 4 a 2.
A decisão
interregional foi disputada contra o Itabaiana-SE, em
duas partidas. A primeira ocorreu em Aracaju, no dia 5 de dezembro de 1971 e terminou empatada em 0
a 0. O resultado deixou os times em igualdade para a segunda e decisiva partida
em Belém três dias
depois.
No dia do
jogo, mais de 10 mil pagantes que
compareceram ao estádio Evandro Almeida,
presenciaram os gols de Robilotta aos 15 e 37 minutos do segundo tempo que
deram a vitória do Clube do Remo, que foi intitulado pela Confederação
Brasileira de Desportos como
o “1º Campeão Nacional do Norte e Nordeste”.
A conquista
deu direito ao Leão de disputar a final do 1º Campeonato Nacional de Clubes da 1ª Divisão, do qual foi
vice-campeão ao perder o título para o Villa Nova-MG.
Faixa de Campeão Norte-Nordeste 1971 |
Em 1972, a CBD convidou o Remo para a disputa do Campeonato Nacional
de Clubes. Pela primeira vez um time paraense figurava na elite do
futebol brasileiro. O Leão foi o escolhido para representar o estado, pois,
desde essa época, já detinha a maior torcida da região Norte, além de ser
proprietário do único estádio capaz de receber públicos superiores a 20 mil
pessoas, o Baenão que havia passado por reformas para
aumentar a sua capacidade. O Remo disputou um total de 25 partidas, sendo cinco
vitórias, 15 empates e cinco derrotas, que o classificou com um honroso 17º
lugar. O destaque da grande equipe azulina foi o lateral-direito Aranha, que
recebeu a Bola de Prata, promoção da revista Placar que
premia os melhores jogadores do campeonato por posição.
A década foi
marcada por dois tricampeonatos, os quais podem ser divididos em duas “eras”
que levaram os nomes das duas maiores referências do Remo nessa época: os
goleadores Alcino e Bira.
O primeiro tri
veio com as conquistas invictas dos certames de 1973, 1974 (supercampeonato) e 1975,
período marcado pela segunda maior invencibilidade azulina no Clássico Rei da
Amazônia (24 partidas).
Alcino foi o artilheiro em todas as edições, contribuindo para que caísse nas
graças da torcida. Mas o Negão Motora, como era conhecido, não teria obtido
tanto sucesso se não fosse a ajuda de craques como Dico, Rosemiro, Dutra, Cuca, Elias,
Roberto, entre outros.
Alcino, um dos maiores ídolos remistas |
Com a venda de
Alcino para o Grêmio-RS em 1976, o Remo trouxe o amapaense
Bira para substituí-lo, que correspondeu à altura, se tornando uma peça
importante na conquista de mais um três títulos estaduais em 1977, 1978 (invicto) e 1979.
Bira foi o artilheiro nos certames de 1978 e 1979, sendo que neste último
marcou 32 vezes, maior artilharia em uma edição de Campeonato Paraense da história.
O time-base
azulino havia mudado, sem, no entanto, perder a qualidade técnica da primeira
série de títulos, já que contava com jogadores do naipe de Édson Cimento
(goleiro Bola de Prata em 1977), Luís Florêncio, Mêgo,
Leônidas e Júlio César “Uri Gueller”.
Bira, o maior artilheiro do Parazão |
3.2.5.Década de 80
Na década de 1980, o Remo passou por
um período de acúmulo de dívidas, que o deixaram um tempo longe das conquistas.
Ainda assim, o Leão conseguiu chegar à final da Taça de Prata, ou Taça CBF, de 1984, mas terminou como 2º colocado perdendo a
final para o Uberlândia-MG.
28
de março de 1984 - Estádio Municipal João
Havelange - Uberlândia 1 x 0 Remo
2
de abril de 1984 - Estádio Mangueirão - Remo 0 x 0 Uberlândia
A competição
reuniu 32 clubes e foi disputada inteiramente no sistema mata-mata. Na primeira
fase, o Remo passou pelo Rio Negro-AM; na
segunda, pelo Maranhão; nas quartas,
pelo Operário-MS e em seguida pelo Internacional de Santa Maria-RS,
até chegar à grande decisão contra o Uberlândia. Apesar do vice-campeonato, o
Leão obteve o acesso ao Campeonato Brasileiro Série
A de 1985.
Em 1986, o
Remo deu fim ao jejum de seis anos sem títulos estaduais, com a conquista do Campeonato
Paraense na administração
do presidente Hamilton Guedes. O curioso é que o Leão não conseguiu dar a
tradicional volta olímpica após vencer a Tuna no dia 17 de agosto, já que a FPF não havia levado a taça para o estádio Mangueirão.
O caso foi
esclarecido no dia seguinte. O governador Jader Barbalho havia
mandado o coronel Hércules, chefe da Casa Militar, adquirir o troféu, mas, por
motivos desconhecidos, tal ato acabou não ocorrendo. O troféu foi então
providenciado e a diretoria azulina pôde obtê-lo na sede da FPF. Apesar da
conquista, as dívidas aumentaram e o Remo ainda sofreu o rebaixamento no Brasileirão de
1986.
Essa situação
pressionou o novo presidente azulino, Ubirajara Salgado, a investir nas
categorias de base do clube. Eis que surge em 1988, o Esquadrão Cabano,
denominação dada pela mídia ao time remista composto por jovens valores do
clube. A ousadia de Ubirajara somada às contratações pontuais, trouxe
resultados a curto prazo. Em 1989,
o Leão Azul dava partida para mais um tricampeonato paraense. Na Série B do mesmo ano, o Remo ficou em 3º lugar, sendo
eliminado pela forte equipe do Brangantino-SP nas
penalidades máximas, após péssima arbitragem de José Roberto Wright, em Bragança Paulista (SP). Era o retorno das grandes campanhas nacionais.
bom dia sou a neta do Valdir alagoano que jogou na década de 60 e 70 eu gostaria que vcs me ajudase a fazer um jogo beneficente para abrigos de idosos e de crianças meu zap 980890938
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